2/03/2014 8:15
Cindhi Belafonte Repórter
Minas Gerais é o segundo Estado no país com mais startups – modelo de negócio que, numa definição simplificada, tem baixo custo e alcança grande lucro e mercado amplo em pouco tempo -, de acordo com uma pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG). O estudo aponta que as 190 empresas mineiras representam 7,8% das 2.423 cadastradas no Brasil. A unidade federativa fica atrás apenas de São Paulo, que possui 611 empreendimentos dessa natureza, o que representa 25,2% do total registrado. Em Uberlândia, apesar não haver dados exatos, o segmento é destaque e, segundo especialistas, está em pleno desenvolvimento.
De acordo com o gerente da unidade de Acesso a Inovação e Sustentabilidade do Sebrae-MG, Anísio Dutra Vianna, o número pode estar relacionado ao potencial de desenvolvimento do Estado. “Minas Gerais tem um número grande de faculdades e universidades que fazem com que o Estado esteja em constante geração de conhecimento. Isso aumenta a possibilidade de surgirem projetos de inovação, como é o caso das startups”, disse.
Segundo o analista de negócios do Sebrae-MG em Uberlândia, Fabiano Alves, o número de empresas na cidade não pôde ser precisado, porque há muitas que não estão cadastradas na base de dados nacional. “Muitas ainda funcionam na informalidade, mas o crescimento da quantidade de startups é um fato na cidade”, disse. Ele afirma que o novo modelo de negócio é uma tendência que está atraindo cada vez mais empreendedores. “Um dos diferenciais é a possibilidade de se obter um mercado amplo, já que não há delimitação de público, como nos modelos tradicionais”, afirmou.
Outro aspecto abordado pelo analista é a relação das startups com a tecnologia. Segundo ele, o acesso cada vez mais crescente a essas ferramentas acaba por atrair novos empreendimentos. “Boa parte das empresas desse segmento utilizam a internet e a inovação como estratégias de negócio”, disse.
Rede social tem 500 mil usuários
Com o objetivo de reunir diversas funções na mesma plataforma, o empresário Dário Cândido Oliveira criou, em agosto de 2012, a rede social Xiglute. Segundo ele, além do contato com outros usuários, a plataforma também oferece fóruns de discussão, loja online e cursos gratuitos. “No início, ela tinha oito funções. Hoje, ela conta com mais de 100 e a nossa intenção é que haja crescimento progressivo”, disse.
Para manter a rede social, que tem mais de 500 mil usuários, a maioria de outros países, Oliveira afirma que conta com a publicidade de mais de 70 clientes. “Ganho um valor por cada clique e tenho participação nas visualizações também. O faturamento hoje chega a R$ 100 mil e, com ele, mantemos 16 funcionários, entre vendedores, professores para os cursos e gerentes de desenvolvimento”, afirmou. As perspectivas, segundo ele, são de crescimento de 100% até o fim do ano. “Temos propostas de inovação e pretendemos continuar o crescimento no mesmo ritmo que mantivemos até aqui”, afirmou.
Empresa foca organização de eventos
Depois de acompanhar o dilema de quatro colegas de trabalho, que tentavam organizar os próprios casamentos em 2011, o ex-analista de risco Alexandre Rodrigues resolveu investir na criação de uma empresa que oferecesse soluções online para o preparo de eventos. “Pesquisei o que tinha de disponível no mercado, mas achei métodos falhos e quis inovar. Minha ideia era criar um site que facilitasse a vida dos organizadores e oferecesse soluções eficazes para os seus problemas”, disse.
O Ofex, criado em 2012, é um site que permite clientes cadastrem seus pedidos de acordo com características e itens desejados para seus eventos e recebam orçamentos solicitados de forma gratuita. “Uma vez feito o cadastro, os usuários recebem login e senha e podem interagir com os fornecedores, agendar visitas e acertar contratações”, afirmou.
Rodrigues explica que isso é possível por meio de parcerias com fornecedores do segmento, que disponibilizam previamente informações e detalhes de seus produtos. “Atualmente, temos mais de 150 parceiros no Triângulo Mineiro, e já começamos sua expansão para cidades Brasília (DF), Goiânia (GO), Ribeirão Preto (SP) e Campinas (SP), tendo como objetivo estar presente em 12 grandes cidades brasileiras ainda este ano, incluindo Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo”, disse.
Aplicativo proporciona economia
Interessado em empreender em uma ideia inovadora, o engenheiro de manutenção em uma usina de níquel em Goiás, Gustavo Maierá, deixou o emprego em janeiro de 2012 para se unir a um amigo em um projeto que visa reduzir o custo de ligações internacionais. “O Dial4me surgiu de uma necessidade do meu amigo, por morar nos Estados Unidos e precisar fazer ligações internacionais com frequência”, disse.
Segundo ele, o aplicativo utiliza a internet apenas para conectar os números de telefone, não precisando dela durante a chamada. “Isso permite que os usuários continuem falando mesmo sem conexão”, afirmou. Segundo ele, o custo da chamada é 70% menor do que o que é normalmente cobrado, mas varia conforme a localidade.