Lamborghini que já ficou exposto na sala do empresário é levado pelo reboque da polícia
A Polícia Federal apreendeu nesta sexta-feira (6) na casa do do empresário Eike Batista seis carros, entre eles um Lamborghini e um Porsche, além de R$ 90 mil em dinheiro (R$ 37 mil em moedas estrangeiras), um piano, um computador, um celular, 16 relógios, dois motores para lancha, uma escultura e até um ovo Fabergé.
A PF cumpria um mandado de busca e apreensão em dois endereços de Eike no bairro Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro. A operação atende a decisão do juiz substituto da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Vítor Barbosa Valpuesta.
O objetivo, segundo a PF, é de garantir os R$ 3 bilhões que a Justiça Federal mandou bloquear. O bloqueio de bens, divulgado ontem, inclui não só o empresário, mas também seus dois filhos mais velhos, Thor e Olin; sua mulher, Flávia Sampaio; e sua ex-mulher, Luma de Oliveira.
Os bens foram bloqueados com a justificativa de permitir o pagamento de indenizações e multa em caso de condenação de Eike.
Eike é acusado de crimes contra o mercado financeiro, e seu julgamento começou em 18 de novembro. As penas somadas nos dois crimes, caso o réu seja condenado, vão de dois a 13 anos de prisão, e podem incluir multas.
Segundo as decisões dos juízes, citadas pela "Folha", há indicações de que Eike está se desfazendo dos bens e que fez doações para os parentes.
O advogado do empresário, Ary Bergher, disse à Folha que há "abuso" no caso, e que ainda não teve acesso à decisão que bloqueou os bens, porque foi colocada "em segredo absoluto de Justiça".
Acusações
Eike é acusado de dois crimes contra o mercado de capitais:
1) Manipulação do preço de ações na Bolsa de Valores: segundo a denúncia, para enganar investidores e deixá-los confiantes, Eike assinou um contrato prometendo injetar US$ 1 bilhão na OGX, com condições feitas para nunca se concretizarem. Teria feito isso tendo informações privilegiadas, de que três projetos de exploração da petroleira eram inviáveis. A operação feita pelo empresário é conhecida no mercado como "put".
2) Uso de informação privilegiada (insider trading): De acordo com a denúncia, Eike se desfez de ações da OGX em duas ocasiões, em 2013, antes da divulgação de informações desfavoráveis à empresa, que ocorreriam dias depois, o que levou as cotações dos papéis à queda.
De bilionário a classe média
Eike já foi a pessoa mais rica do Brasil e o sétimo mais rico do mundo, segundo o ranking de bilionários da revista "Forbes".
O conjunto de empresas de energia, commodities e logística de Eike entrou em colapso no ano passado, forçando seus empreendimentos de petróleo, estaleiros e principais empresas de mineração a pedir recuperação judicial em meio a uma dívida cada vez maior, uma queda nas receitas e uma crise de confiança dos investidores.
Em setembro, após as denúncias, ele disse à "Folha de S.Paulo" que tinha um patrimônio líquido negativo de US$ 1 bilhão e que "voltar a classe média é um baque gigantesco".