O TCP/IP (sigla para Transmission Control Protocol/Internet Protocol ou Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Internet) é um conjunto de protocolos extremamente importante para o funcionamento da World Wide Web como conhecemos hoje. É através dele que as informações e os dados das páginas podem ser transmitidos através da internet com a ajuda do HTTP, FTP, SMTP e semelhantes.
Vinton Gray Cerf – mais conhecido pelo diminutivo Vint Cerf – é tido como um dos responsáveis pela criação de tal protocolo e, consequentemente, da rede mundial de computadores. Hoje, o informático atua como evangelista-chefe de internet para a Google e gasta a maior parte de seu tempo fazendo planos sobre o futuro das redes de comunicações – e isso inclui o conceito de web interplanetária.
Em uma recente entrevista à revista Wired, Cerf afirmou estar trabalhando com a NASA desde 1998 para desenvolver uma forma viável de conectar a internet da Terra com a de outros planetas, pensando em melhorias na comunicação com astronautas e em eventuais colonizações de Marte.
(Fonte da imagem: Reprodução/DN)
Obstáculos e soluções
“Primeiramente, pensamos em utilizar o mesmo TCP/IP da Terra para comunicações interplanetárias”, comenta o executivo. Contudo, ele logo percebeu que isso não funcionaria por dois motivos. “Em primeiro lugar, a velocidade da luz é lenta em relação a diferentes distâncias no Sistema Solar. Um sinal de rádio da Terra até Marte demora entre 3 e 20 minutos para ser recebido”, afirma.
Além disso, outro problema é a rotação dos planetas. “Se você estiver se comunicando com algo na superfície de um planeta e este se rotaciona, você perde o contato. E então seria necessário aguardar que ele se rotacione novamente para que o sinal seja restaurado”, afirma Vint.
Contudo, os projetos parecem caminhar pouco a pouco. Atualmente, a NASA utiliza um programa chamado Deep Space Network (DSN) para realizar a maioria de suas comunicações interplanetárias. Trata-se de três grandes torres implantadas em locais estratégicos do planeta Terra e que podem transmitir grandes pacotes de informação através de um protocolo apelidado somente como Bundle. Essa é, inclusive, a tecnologia adotada para controlar remotamente a sonda Curiosity.
(Fonte da imagem: Reprodução/Telepresence Options)
Próximos passos
De acordo com Cerf, o próximo grande passo para o desenvolvimento da internet interplanetária está na padronização dos protocolos e nos recursos utilizados por nações ao redor do mundo inteiro para comunicar-se com espaçonaves e pessoas fora da órbita do planeta – há, inclusive, o Consultive Committe on Space Data Systems (CCSDS), um órgão regularizador destinado exclusivamente a tratar desses assuntos.
“Também precisamos verificar como podemos fazer coisas em tempo real, incluindo chats de vídeo e de voz”, comenta o informático. Por enquanto, em comparação com a web que temos na Terra, só podemos “trocar emails simples”.
Ainda assim, não será nenhuma surpresa se daqui a alguns anos já se torne possível que um eventual colonizador de Marte possa abrir seu navegador e ler este mesmo texto, tudo graças ao trabalho de Vinton e sua equipe de engenheiros.