Publicado em 21 de janeiro de 2021
"ELAS GOSTAM DE AP@NH@R": A FILOSOFIA DA ADÚLTERA E DA COVARDIA.mp4
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O jornalista escritor ou o escritor jornalista?
'Elas gostam de apanhar' é uma reunião de crônicas escritas e publicadas entre os anos de 1950 e 1961 no jornal 'Última Hora', originalmente encontradas na coluna 'A Vida como ela é'.
As crônicas começam como quem não quer nada, uma narrativa de pessoas comuns que se projetam ao leitor como casos da vida como ela é (eis o título da coluna).
No entanto, Nelson Rodrigues tinha, digamos, um dom fantástico em narrar tais casos. A proeza do escritor é tão admirável que não consigo imaginar alguém que não fique surpreso ou boquiaberto com as crônicas.
O final de cada crônica contém uma certa revelação, um plot-twist que pega desprevenido qualquer leitor.
Óbvio, são crônicas, então não procurem nada complexo, o título da coluna já diz tudo: 'a vida como ela é'.
A proposta das crônicas de Nelson é dissecar a vida do brasileiro como ela é, como as pessoas vivem, causos e causas de pessoas comuns e que podem ocorrer com você, desvelado com muito bom humor e tato por parte do escritor.
Agora sobre o 'polêmico' título 'Elas gostam de apanhar'.
Quem simplesmente polemiza o livro ou o escritor por causa do título é reducionista que, ou não leu o livro ou não conseguiu interpretá-lo.
Nelson Rodrigues nos transmite que as mulheres gostavam de um jogo psicológico que muitas das vezes os homens não conseguiam entendê-lo afinco.
O apanhar nessas veredas é nada mais do que a esquizofrenia conjugal vivido por muitos. A obsessão feminina nos relacionamentos, os jogos psicológicos, os ciúmes desproporcionais, as neuroses etc.
Apesar de tudo, no desencadear das crônicas percebemos que o título se adéqua a todos. O próprio Nelson Rodrigues comenta tal entendimento no livro, é condição sine qua non do ser humano.
Destarte, tudo isso refere-se à primeira metade do século XX, registros de um tempo anacrônico se compararmos à atualidade, qual uma fotografia.
Então, meus caros, o livro é um achado, uma bela reunião de crônicas daquele que foi um dos melhores jornalistas, teatrólogos e escritores do Brasil, assim denominado por Gilberto Freyre:
'[...] Nelson Rodrigues avulta na literatura atual do Brasil, como o nosso maior teatrólogo. O maior de hoje e o maior de todos os tempos. Pode ser considerado um equivalente, nesse setor, do Eugene O'Neil: do que foi O'Neil na literatura, dos Estados Unidos.
Mas ele é também o mais incisivamente escritor, sem deixar de ser vibrantemente jornalístico, dos cronistas brasileiros de hoje. O maior dos jornalistas literários - potencialmente literários - que tem tido o Brasil. Nesse setor é um equivalente do que foi e é - quem o superou? - Eça de Queirós na literatura portuguesa. Apenas com esta diferença: no brasileiro há um vigor de expressão maior do que em Eça - um Eça até hoje inatingido e, talvez, inatingível, na graça artística que soube dar ao seu jornalismo literário.
Por jornalismo literário não se deve entender o jornalismo que se ocupe de assuntos literários; e sim o que se caracteriza pela potência literária do jornalista-escritor. Um característico relativamente fácil de ser captado: contanto, que se dá tempo ao tempo.
O escritor-jornalista ou o jornalista-escritor é o que sobrevive ao jornal: ao momento jornalístico. Ao tempo jornalístico. Pode resistir à prova tremenda de passar do jornal ao livro.
[...] Em Nelson Rodrigues, como em Eça de Queirós, o escritor vence o tempo como escritor, embora servindo-se do jornal; da correspondência para jornal; do comentário ao acontecimento do dia. Nelson Rodrigues é, dos dois, o mais vigoroso nessa espécie de expressão literária: a transferível de jornal para livro. Ele é lido em livro, tão forte de virtude literária, quanto lido em jornal. Repete Eça. Repete Eça neste particular, com maior vigor do que Eça'.
Fonte: FREYRE, Gilberto. Nelson Rodrigues, escritor. In: RODRIGUES, Nelson. O reacionário: memórias e confissões. Rio de Janeiro: Record, 1977. p. 9-10.
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