Luís
Dia 28/04/2025 · 05:59Marcelo Veiga não era apenas um técnico, mas um ícone do futebol de raiz, que fez do Red Bull Bragantino sua casa.
Sua história, interrompida pela COVID-19 em 2020, é marcada por superação e paixão.
Siga o BRG365 e conheça sua trajetória, que deixou marcas profundas no Massa Bruta e nos torcedores.
Nascido em São Paulo em 1964, Marcelo Castelo Veiga começou como lateral-esquerdo, destacando-se nos campos de várzea da Casa Verde.
Apelidado de Ratão, brilhou em clubes como Ferroviário-CE (onde marcou o gol do título cearense de 1988), Santos e Internacional — time no qual conquistou a Copa do Brasil e o Gauchão em 1992.
Mas foi como técnico que Veiga escreveu seu nome na história. Começou sua jornada em 1999 no Lemense, e logo mostrou sua habilidade em montar equipes organizadas e defensivamente sólidas.
Sua filosofia? “Time que não toma gol, não perde” — e funcionava, como todos sabem.
Camisa do Marcelo Veiga(BRG365)
Se existe um clube que define Marcelo Veiga, é o Bragantino. Foram sete passagens no comando, totalizando 516 partidas — um recorde nacional para um técnico no mesmo clube desde 2003.
A primeira vez foi em 2005, quando salvou o time da Série A2 do Paulistão, garantindo o acesso à elite após uma década longe dela.
Mas o verdadeiro ápice aconteceu em 2007. Com um time subestimado, Veiga levou o Bragantino até as semifinais do Paulistão (onde foi eliminado pelo Santos, futuro campeão), e, meses depois, à conquista da Série C do Brasileirão.
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Na final contra o Bahia, a genialidade tática de Veiga foi decisiva, utilizando um esquema com três zagueiros que anulou o ataque baiano.
Veiga não parou por aí. Entre 2007 e 2012, manteve o Bragantino na Série B, quase conquistando a elite em 2011, e ainda revelou talentos como Paulinho, Felipe e Romarinho.
Marcelo Veiga(BRG365)
Apelidado de Alex Ferguson do Interior pela sua longevidade, Veiga tinha um estilo único.
Defesas sólidas, contra-ataques rápidos e, acima de tudo, uma habilidade incomparável para descobrir talentos.
Ele não precisava de estrelas; ele as criava. Como? Com visão aguçada e paciência.
Paulinho: Descoberto na 4ª divisão paulista, chegou ao Bragantino ganhando R$ 2,5 mil. Virou referência e foi vendido ao Corinthians.
Felipe: Um zagueiro anônimo do União Mogi virou titular do Atlético de Madrid graças a um DVD que Veiga insistiu em assistir.
Romarinho: Quase desistindo do futebol, foi resgatado por Veiga e hoje é lembrado por gols históricos.
“Ele via o que ninguém via”, dizia um dirigente. E assim, o Bragantino virou um celeiro de craques, mesmo com orçamento apertado.
Marcelo Veiga(BRG365)
Em 2019, Veiga viveu um capítulo amargo. Após levar o Bragantino de volta à Série B, foi substituído por Antônio Carlos Zago, durante a fusão com o Red Bull Brasil.
“Roemos o osso e saímos na hora do filé mignon”, desabafou, referindo-se ao investimento milionário que não pôde aproveitar.
Mas seu amor pelo clube sempre falou mais alto. Mesmo desempregado, continuou morando em Bragança Paulista, tornando-se cidadão honorário da cidade.
Sua última missão foi no São Bernardo, onde quase garantiu o acesso à Série A2 em 2020, antes de ser vítima da COVID-19.
Marcelo Veiga(BRG365)
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Marcelo Veiga faleceu em 14 de dezembro de 2020, após lutar por 22 dias contra a COVID-19.
O Bragantino o homenageou com uma camisa preta no jogo seguinte, e jogadores como Paulinho dedicaram emocionadas mensagens de despedida.
Seu legado vai além dos títulos. Ele construiu identidade. O Red Bull Bragantino, hoje na elite nacional, carrega o DNA de Veiga em cada vitória.
E os torcedores, sempre que veem um jovem promissor, lembram: “Esse seria mais um achado do Veiga”.
Marcelo Veiga(BRG365)
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Marcelo Veiga não era um técnico comum. Ele era um gestor de sonhos. Via potencial onde outros viam mediocridade. Sua lealdade ao Bragantino, em tempos de futebol mercenário, é um exemplo raro.
Veiga não era apenas o treinador de um clube; ele era a alma do Bragantino. Da base à lavanderia, ele abraçava o clube como uma família. “Ele não queria só treinar; ele queria fazer história”, resumiu um ex-jogador.
Marcelo Veiga(BRG365)
Hoje, a cada acesso do Bragantino, a cada revelação de talento, um pouco de Marcelo Veiga vive nas vitórias. Ele não morreu; virou lenda. E no futebol, lendas são eternas.
Obrigado, Veiga!