Num ano em que House of Cards foi fraco e as expectativas para Orange is the New Black eHemlock Grove não estão tão altas como antes, fica fácil dizer que se a Netflix vai fazer uma série melhor que Unbreakable Kimmy Schmidt esse ano ela vai precisar da ajuda da Marvel comDemolidor ou A.K.A. Jessica Jones (considerando, é claro, que Better Call Saul não é exclusiva da Netflix, apesar de que no Brasil está saindo por ela), porque por hora eu não consigo ver nada saindo no serviço de streaming que bata a genialidade dessa pequena obra prima da comédia de meia hora da TV americana.
Engraçado como as comédias de meia hora que eu geralmente dispenso me ganharam esse ano, primeiro Galavant que foi uma divertida e espetacular comédia musical da ABC e agora essa comédia da Tina Fey e do Robert Carlock, essa primeira que por acaso faz uma ponta extraordinária no arco final da série.
Mas se eu achei Galavant incrível, Unbreakable Kimmy Schmidt supera a série cantada da ABC de todas as maneiras possíveis, mas tenho que admitir que assistir essa série na Netflix ajudou, já que eu podia ver episódios atrás de episódios e entrar no ritmo louco e gargalhar de a barriga doer com a metralhadora de boas piadas que cada episódio é. De fato, eu sempre lembrava de uma frase do Rei Richard da outra série mencionada acima enquanto eu via diversos episódios um atrás do outro, que é “incrível, eu não ria tanto há minutos”, não tem como essa frase ser encaixada de uma melhor forma.
Mas existe uma frase por aí que diz que uma comédia boa não é simplesmente te fazer rir e eu concordo, mas acredite, Unbreakable Kimmy Schmidt vai muito além de te fazer se contorcer de rir no sofá, o que ela faz, só que ela é uma série onde além disso TODOS os personagens são brilhantes e sempre têm algo surpreendente a dizer no momento em que você menos espera, e os personagens não são apenas bons personagens, eles são interpretados pelos atores mais carismáticos que Tina Fey conseguiu juntar na frente de uma câmera, com um destaque mais do que óbvio para Ellie Kemper.
A Kimmy Schimdt de Kemper é a personagem feminina mais adorável a aparecer em uma tela de TV desde que O Fabuloso Destino de Amelie Poulain saiu em DVD e sério, quem me conhece sabe que não tem como eu elogiar mais ela do que isso, a Kimmy é tão carismática que eu sinto vontade de assistir tudo que Ellie Kemper já fez para poder comparar o quão adorável essa garota é em outras obras e surpreendentemente faltam créditos de qualidade no Dylan GelulaEllie KemperJane KrakowskiJohn HammNetflixRobert CarlockTina FeyUnbrekable Kimmy Schimidt dessa moça, por sorte Tina Fey acabou de colocar ela no topo de Mainstream com essa série e muitas oportunidades devem aparecer pra ela a partir de agora, ao menos é pelo que eu estou torcendo.
E não é só Ellie Kemper que brilha nessa série que por acaso é cheia de grandes pontas, incluindo aí um papel importante para John Hamm, que é ninguém menos que “o cara de Mad Men” e também o homem que na trama sequestrou Kimmy quando ela tinha 14 anos, por coincidência ou não, na vida real Hamm era professor de teatro de Kemper quando ela tinha 14 anos. Agora surpreendentemente eu me peguei sentindo falta de uma personagem que eu achei que odiaria pelo resto da temporada quando apareceu pela primeira vez na tela, a interação antagônica entreKimmy e Xanthippe Lannister Voorhees, interpretada por Dylan Gelula, é de rolar de rir e é bem menos óbvia do que esperamos num primeiro momento, e ela aparece em bem menos episódios do que deveria.
Já que eu estou mencionando personagens, apesar de Titus e Lillian serem grandes coadjuvantes, é a Jackeline interpretada por Jane Krakowski que por algumas poucas vezes consegue roubar a cena de Ellie Kemper, porque a sua personagem é tão surtada e é feita com tanta naturalidade que é difícil até parar de rir dela enquanto escrevo e lembro algo que ela fez em tela.
A série ainda capricha no tom das piadas que variam desde frases loucas que você pode usar como piada interna com amigos que viram a série como o “busque o respawn Jeremy” ou alguma parte da letra de “Peeno Noir”, até piadas ultra-pops e modernas que provavelmente vão datar a série daqui há alguns anos, como os iPhones que se desmontam no dia que o novo modelo é lançado ou a música Fireworks da Kate Perry que está cada vez mais sendo usada como piadas em comédias por aí, o que é uma tendência estranha. A série ainda abusa de piadas de hypertexto, juntando informações internas e externas da série, quando por exemplo Xantippe grita “Kimmy!!” que por sua vez responde gritando “Gelula!!”, que na verdade é o nome real da atriz.
As piadas também vão muito longe no surrealismo algumas vezes e quando eu penso em algum motivo para não dar nota 10 para a série é porque em determinados momentos algumas coisas são tão surreais, tão surreais que acabam quebrando o clima do seriado que já é completamente maluco e surtado, cabe maneirar um pouco mais em algumas coisas no próximo ano, quando a piada parecer ir longe demais na loucura, talvez ela tenha ido Tina Fey.
Mas nem o excesso de surrealismo é o principal defeito da série, o principal defeito dela é que em determinado momento ela acaba, 13 episódios de meia hora não são o suficiente para aproveitarmos a companhia de Kimmy Schmidt, nem de perto. Eu não faço ideia do que deu na cabeça dos produtores da NBC para ter deixado essa série brilhante (e não há exagero nessa palavra dessa vez) passar para as mãos da Netflix que mais uma vez se consolida como uma verdadeira candidata a melhor empresa do universo.
Se a segunda temporada de Unbreakable Kimmy Schmidt, que já está encomendada para o ano que vem, for tão brilhante quanto essa primeira, nós podemos estar testemunhando em primeira mão o nascimento de um fenômeno da comédia que pode se tornar tão impressionante quantoSeinfeld e Friends foram em suas épocas.
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