“Se você for pensar que está ilhado, com telefone ruim e sem internet e que pra sair daqui é só com barco por alguns dias ou com avião, daí você pira. O negócio não é ver coisas diferentes todos os dias, mas ter um olhar diferente para as mesmas coisas. Aí sim você encontra a felicidade. É bem simples, mas as pessoas complicam”.
Foi assim, sentada numa lojinha, tomando açaí que o Rock (de rock and roll mesmo) me derramou esta pérola. Artista plástico, lenda de Noronha, onde mora há duas décadas, suas palavras fazem jus à sua constituição física: fina, ao ponto. Guia credenciado, ele não cobra pela maioria das dicas que dá, pois acredita que curtir o paraíso natural do arquipélago é um direito de todo ser humano, rico ou pobre. Divorciado, ainda não perdeu a esperança de um grande e estável amor: “prefiro estar casado, pois é melhor e mais tranqüilo. Tem calor, afeto e é muito melhor”. Tem uma filha de 20 anos que está prestes a lhe presentear com um neto e vê nos restos de ferro, alumínio e plástico nuances cheias de sentido. Bom, depois que passam pelas mãos dele, até que fazem mesmo, ao tomar forma de tartaruga marinha, peixes ou golfinhos. Mas se quer passar despercebido por algum lugar, não conte uma piada ao Rock, pois a risada dele é a mais estridente que já ouvi. Gente boa, de bem com a vida e que sabe lidar com os próprios sentimentos e frustrações.
O nome de registro é Sérgio de Lima, mas ele atende mesmo é por Rock.