O Solista é um daqueles filmes que tem cheiro de
Oscar. Ótima atuações, uma história real e sobre um personagem com problemas mentais. A roteirista é a mesma de
Erin Brockovich e o diretor o mesmo de
Desejo e reparação e
Orgulho e Preconceito. Exceto que em momento nenhum consegui saber exatamente o que o diretor (ou roteirista) queria me fazer sentir assistindo o
filme. Então nem posso dizer que falhou nesse sentido, apenas que não me direcionou para algum lugar.
Acompanhamos o repórter Steve lopez, que escreve sobre qualquer coisa. Um talento eu diria. Até mesmo seu acidente de bicicleta vira uma coluna do jornal. Um dia, ele ouve um
som de violino em uma praça. Um som que não pertence aquele ambiente. Quando chega mais perto, percebe se tratar de Nathaniel Ayers, um esquizofrênico que toca o instrumento com apenas duas cordas e diz já ter estudado em Julliard (uma das escolas de música mais conceituadas do mundo). Se um acidente gera uma coluna, o que dirá um provável prodígio musical que atualmente vive nas ruas?
Lopez escreve sua matéria mas o destino faz com que ele tenha mais responsabilidades que gostaria com Ayers. Ele passa então a ajudar Ayers a retomar sua carreira musical. Ele nunca viu ninguém gostar tanto de alguma coisa quanto a paixão que ele nutre pela música. É algo incrível, mas será que a mente dele suporta?
É quando
o filme se perde. Em todos os grandes filmes com doentes mentais, vemos como a doença altera o ser humano. Principalmente, vemos pelos olhos do próprio doente. Como o retardo de
Forrest Gump por exemplo, onde no final do filme já até entendemos seu raciocínio. Aqui, a doença de Ayers fica mal resolvida. Pra completar, há uns
flashbacks para explicar a evolução da doença e como ele foi parar nas ruas que nem se fazem necessários. Acredito que a doença deva funcionar dessa forma mesmo, só não achei que fica bem dramaturgicamente falando.
O filme começa a ficar mais complicado quando entra na parte em que trata dos desabrigados. Há toda uma parte que trata de centros de reabilitações, o descaso da população e das autoridades e porque os próprios desabrigados evitam esses tipos de lugares. Acho o esforço louvável, mas meio fora de propósito de acordo com a temática do filme. Poderia ser muito bem vindo em outro filme que trate desse assunto. Parece ter boas intenções, mas como dizem, de boas intenções...
Vale uma espiada mais pelas atuações. Robert Downey Jr. dá o ponto exato de um repórter atarefado que tem problemas no casamento e de relacionamento com o filho e ainda tem que dividir seu tempo com um esquizofrênico. Foxx está perfeito até mesmo atrás de todas as fantasias que usa durante o filme. E assim como Mirren em Intrigas de Estado, Keener também está totalmente plausível como editora de jornal (também com problemas). Só não espere muito.
Comentários
No Stickers to Show