Um dia eu li que apenas usamos uma pequena percentagem dos nosso cérebros. Muitos podem especular os benefícios de
poderusar uma percentagem maior do cérebro. É o que faz o diretor Neil Burger neste
filme interpretado por Bradley Cooper e com Robert De Niro.
Cooper interpreta Eddie Morra, um escritor de livros fracassado, desleixado e com poucas habilidades sociais, além de exagerar um pouco na bebida. Apesar de sua inaptidão, ele consegue um contrato para escrever um
livro. A única coisa que não consegue fazer é realmente escrever o livro.
Até que ele cruza com o irmão de sua ex-mulher que lhe oferece uma coisa. Uma pílula que permite que ele use todo o seu cérebro. Ele fica inteligente o suficiente para saber que tem que limpar seu apartamento. Além disso, ele começa e termina de escrever seu livro, vence as partidas de poquer, fascina todas as pessoas que encontra e ainda por cima vira uma espécie de guru da nova era da bolsa de valores. Basicamente, de um fracassado ele passa a ser praticamente um rei.
Sua ascensão o leva até Carl Van Loon (Robert De Niro), um empreendedor e provavelmente um dos homens mais ricos do mundo. Ou pelo menos do filme. As coisas complicam um pouco por causa do problema do estoque das drogas estar acabando justo quando ele está para fechar um acordo com Van Loon. Além disso, ele deu um comprimido para um perigoso agiota que gostou de ficar inteligente e agora fica fazendo chantagem para conseguir mais comprimidos. Como seu fornecedor não tem condições de fornecer mais, ele tem que dar do seu próprio estoque.
O filme foca muito no fato de abrir novas áreas do cérebro fazendo que a pessoa, na verdade, lembre de tudo que viu, ouviu ou leu em sua vida. Desde sua infância. Não é sobre inteligência, é sobre memória. O que me confunde um pouco. Ele faz muito dinheiro na bolsa de valores, e se tudo que ele leu na bolsa estivesse errado? Ou ultrapassado? E se até mesmo fosse uma mentira? Ainda assim ele conseguiria ganhar dinheiro? E se for tudo sobre informação, uma pessoa tendo um acesso a um dos maiores banco de dados do mundo, o Google, não conseguiria o mesmo efeito?
Eddie fica viciado nos comprimidos. Ele até conta com a ajuda da namorada que o dispensou quando ele era um fracassado e que volta a ele agora que é um homem de sucesso. Ela deve ter seus motivos, mas fica um pouco estranho. Então basicamente fica
focado nos vícios do personagem, coisa que já vimos milhares de vezes antes e esse não traz nada de
novo. Se pelo menos focasse nas consequências na sociedade ao invés de apenas nele, talvez tivéssemos algo novo.
Ele também fica confuso por causa dos comprimidos, mas é tudo muito estranho no filme. Não sinto que ele fica realmente confuso, tudo que vejo na
tela é uma sucessão de belos jogos de câmera e muitos efeitos especiais. Pra piorar, De Niro é extremamente mal aproveitado e a virada do seu personagem vem tarde demais para ter qualquer proveito. Acaba que o verdadeiro destaque é realmente Cooper, que consegue interpretar bem as duas fases do seu personagem.
Eu sou como Eddie Morra. Eu sei muita coisa sobre tudo, só esqueci a maior parte.
O filme é como nosso cérebro, apenas aproveita uma percentagem muito pequena do seu potencial. Há até mesmo um subplot sobre assassinato que não leva o filme a lugar nenhum e que não tem sequer conclusão. Talvez um dia, o tema seja melhor aproveitado.