Caché é o resultado de uma co-produção Alemanha/ Áustria/ Itália e França sob a direção de Michael Haneke (Amour, 2012). Um suspense com um drama psicológico muito atípico para aqueles paladares acostumados com os suspenses americanos, Caché é impregnado pelo típico cinema francês: enigmático, abstrato, lento e fortemente conceitual. Muitos o acharão muito parado, caso não esteja familiarizado ao “estilo Haneke”, certamente sentirão falta de um desenrolar mais dinâmico e objetivo.
Particularmente acho o filme sensacional. É possível explorar inúmeras questões: o viés social e cultural, a questão do egoísmo, hipocrisia e as sensações que provocam frente à um filme de impacto absurdo! É impossível ver um filme como esse e não levar certo tempo para digerir tantas mensagens…
O filme, basicamente, narra o drama que uma família da alta classe média passa a enfrentar após receber gravações anônimas com imagens de sua casa e da rotina da família – sem mensagens escritas ou ameças formais: apenas imagens; o que já é o suficiente para deixar qualquer um no mínimo assustado. Em seguida, as gravações em fitas evoluem para cartas com desenhos sinistros e telefonemas estranhos. Sem ter ideia do que acontece, a família vai à polícia que se diz incapaz de colaborar nesse caso. Típica família nuclear, temos o pai – Georges (Daniel Auteuil) – apresentador de um programa de TV que comanda discussões sobre o mundo literário e promove encontro com autores; a mãe (Juliette Binoche) – é uma escritora; e o filho – Pierrot (Lester Makedonsky) filho único, deve ter uns 14 anos de idade. O mundo deles é rodeado por livros, ótima educação, vida social e nota-se que existe uma atmosfera intelectual muito presente. A vida de todos está em perfeita sincronia e não há problemas mas as coisas começam a mudar quando recebem essas gravações: a estrutura da pseudo-família-perfeita começa a ruir.