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Bem-vindos a cidade de Monowi, no estado norte-americano de Nebraska, cuja população é de apenas um único habitante. Sim, Monowi é a única cidade incorporada dos Estados Unidos, que conta com apenas um morador, quer dizer, uma moradora. Elsie Eiler, de 84 anos, é a prefeita, escriturária, tesoureira, bibliotecária, bartender, entre outras funções. Todos os anos ela pendura uma placa na taberna local anunciando as eleições para prefeito, e vota em si mesma. A lei federal também exige que ela elabore um plano rodoviário municipal anualmente para garantir o financiamento estadual, e pagar cerca de US$ 500 (cerca de R$ 1.600 pela cotação atual) em impostos para manter o fornecimento de água e energia elétrica. Ela também preenche a documentação necessária para manter o status "incorporado" de Monowi, e evitar que a localidade se torne uma cidade fantasma. Em entrevista à BBC, Elsie disse que, sempre que envia a documentação necessária para obtenção das licenças estaduais para o comércio de bebidas alcóolicas e tabaco, eles enviam para a secretária da cidade, que é ela mesma. Então, como escriturária, ela assina os papéis, e dá a ela mesma como proprietária do bar. De qualquer forma, ela disse que é feliz em Monowi, que cresceu na cidade e está acostumada a essa rotina.
Voltando no tempo, mais precisamente na década de 1930, Monowi era um ponto de parada da Ferrovia Elkhorn, e contava com uma população movimentada de 150 habitantes, três mercearias, vários restaurantes e até mesmo uma prisão. Elsie foi criada em uma fazenda nos arredores da cidade, e conheceu seu marido Rudy ainda na escola. Depois de se formar no Ensino Médio, Rudy se alistou na Força Aérea dos Estados Unidos, e serviu na Guerra da Coréia. Enquanto isso, Elsie se mudou para Kansas City para trabalhar em uma companhia aérea, visto que tinha o sonho de ser tornar aeromoça. Elsie se casou com Rudy aos 19 anos, e criaram dois filhos em Monowi. Em 1971, o casal decidiu reabrir a taberna que pertencia ao pai de Elsie. Na época que a taberna foi aberta, no entanto, a cidade começou a declinar. Após a Segunda Guerra Mundial, as economias rurais colapsaram em todo o Centro-Oeste, e comunidades inteiras começaram a desaparecer.
Em 1960, a igreja local realizou seu último funeral em relação ao pai de Elsie e, entre 1967 e 1970, a agência dos Correios, e a única mercearia restante, fecharam. A escola fechou em 1974. Em meados da década de 1970, ambos os filhos de Elsie se mudaram em busca de trabalho e, em 1980, a população da cidade despencou para apenas 18 habitantes. Vinte anos depois, Rudy e Elsie eram os únicos moradores de Monowi, até que Rudy faleceu em 2004. Em entrevista a agência de notícias Reuters, Elsie brincou ao dizer que, provavelmente, eles bateram o recorde de queda populacional mais brusca, ao perder 50% dos habitantes, da noite para o dia. Apesar de morar sozinha, Elsie disse que não vivia sozinha. Durante seis dias na semana ela abre a taberna das 9h às 21h para atender seus frequentadores regulares, a maioria dos quais conheceu ao longo de toda a vida. Algumas pessoas ela conheceu quando ainda eram bebês e, de vez em quando, levam seus filhos, ainda bebês, para conhecê-la.
Além da taberna, há um outro prédio público em Monowi, a Biblioteca de Rudy. Um ávido leitor em vida, seu último desejo era transformar sua coleção particular em uma biblioteca pública. Monowi agora possui uma pequena biblioteca pública com uma seleção de mais de 5.000 livros e revistas. Elsie, naturalmente, é a bibliotecária. Existe uma chave pendurada na taberna para aqueles que quiserem consultá-la. Quando Rudy faleceu, Monowi superou uma cidade vizinha chamada Gross, que até hoje conta com 2 habitantes. Nos últimos 14 anos, visitantes chegam de todas as partes do mundo para ver a cidade e assinar seus quatro livros de visita. Elsie possui cinco netos e dois bisnetos, de seus dois filhos. O mais próximo mora em Ponca, no estado de Nebraska, a cerca de 145 km, porém outros moram muito distantes dela. Elsie disse que poderia viver com seus filhos e ficar o tempo que quisesse, mas ela teria que refazer toda sua vida, assim como as amizades. Ao final, Elsie disse que continuaria pelo tempo que pudesse em Monowi, o único local em que ela podia chamar verdadeiramente de lar.
Redator Marco Faustino
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