Marte sempre foi um local fascinante para o ser humano. O planeta vermelho é cenário de incontáveis estudos, além de ser lar de extraterrestes na ficção científica e o possível ponto de aterrissagem do ser humano em sua próxima missão espacial tripulada a um corpo celeste depois da Lua. Mais do que nunca, os cientistas espaciais não veem a hora de chegar ao solo marciano.
"Hoje em dia, em algum lugar lá fora, em uma sala de aula, alguém entre 10 ou 20 anos é a pessoa que será a primeira a colocar o pé em Marte, provavelmente estudando matemática ou ciência", diz o diretor da Boeing Space Exploration Systems. A fabricante de aeronaves e a NASA são algumas das agências que mais investem em tecnologias que podem possibilitar essa viagem no futuro — a previsão mais otimista aponta para a década de 2030.
Se há duvidas de que o homem foi à Lua com tecnologias tão rudimentares em 1969, a ideia desta vez é não deixar o povo sem explicações. Abaixo, você conhece as seis tecnologias que podem fazer com que o ser humano pise no planeta vermelho — e continue sonhando em ir ainda mais longe.
A primeira tecnologia envolvida na viagem é também a que mais traz boas notícias. Trata-se do veículo de exploração espacial Orion, responsável por abrigar os futuros astronautas durante a viagem e realizar a aterrissagem em Marte. Basicamente, ele é a extremidade superior de todo o conjunto.
A cápsula Orion foi lançada pela primeira vez em 5 de dezembro de 2014, realizando um teste sem tripulação que foi um sucesso: ela atingiu a altura de 5.793 km e resistiu bem à viagem. A equipe da NASA agora deve avaliar os resultados e corrigir eventuais problemas para as próximas versões. São inúmeras as variáveis em jogo, como velocidade de entrada em uma nova órbita, estabilidade, paraquedas e escudo térmico.
Esse imenso veículo de lançamento é o substituto oficial do ônibus espacial original da NASA. Ele é o responsável por fazer a propulsão inicial dos módulos, sendo chamado pela agência de "o foguete mais poderoso do mundo". A SLS é construída pensando em adaptação e flexibilidade, já que suporta vários módulos, capacidade de passageiros e tipos de carga.
O primeiro teste da SLS foi justamente durante o lançamento da Orion — e o próximo já deve incluir tripulação humana. Depois de cinco ou seis provas, o sistema de lançamento estará pronto para o nosso planeta vizinho.
Não basta só querer ir para Marte e voltar: é preciso esperar a oportunidade perfeita para que os planetas estejam alinhados e a distância entre eles seja a menor possível — garantindo também que o Sol não atrapalhe a viagem, que leva de sete a oito meses. O tal momento só acontece a cada dois anos, o que significa que os astronautas passarão cerca de um ano inteiro morando por lá.
O habitat é o componente que se desprendeu e "flutua" separadamente do resto da nave.
Esse habitat artificial ainda está em fase conceitual, mas é uma "casa temporária" que é deixada em órbita na hora da aterrissagem. Ela inclui alimentação, laboratórios, quartos, equipamentos em geral e comunicação com o módulo. Gravidade gerada artificialmente também será necessária. Conceitos atuais indicam missões com duração de 60 a 500 dias e capacidade para quatro pessoas.
A nave espacial responsável por levar a Orion, o habitat e todo o resto do equipamento tem o mesmo papel de um barco rebocador: empurrar as demais embarcações com a ajuda de um poderoso sistema de energia.
No caso da tecnologia estudada para a viagem a Marte, a ideia é utilizar painéis solares de proporções gigantescas acompanhados de um motor ainda em desenvolvimento. O sistema de propulsão solar-elétrica (SEP) cria um impulso de movimento na nave obtendo energia a partir do vento solar, uma camada de plasma emanada pelo Sol. Ele carregaria íons em vez de químicos, diminuindo a quantidade de combustível a ser utilizado e permitindo missões de longa duração e distância.
As duas últimas tecnologias trabalham juntas. A primeira é um módulo de aterrissagem, que deve funcionar mais ou menos como o que levou o homem à Lua: uma cápsula não muito grande para transportar somente o necessário, incluindo a tripulação.
Com o fim da missão na superfície, o módulo dispara um foguete em direção à órbita de Marte contendo os astronautas e os equipamentos que puderem ser levados de volta.
Ao entrar na atmosfera de Marte, o módulo de aterrissagem estará a uma velocidade extrema, o que significa também encarar um aquecimento absurdo que poderia desintegrar a nave em segundos. Por isso, um escudo térmico inflável com aerodinâmica calculada e seguido de um sistema de paraquedas desacelera o veículo e impede que a temperatura atinja o módulo. A imagem abaixo não está na melhor qualidade, mas esse conceito ilustra bem como o sistema funciona.
Esse acessório é descartado momentos antes de o módulo encostar na superfície do planeta. Por enquanto, um programa chamado Low-Density Supersonic Decelerator (desacelerador supersônico de baixa densidade, ou LDSD) está em fase de testes pela NASA e envolve um módulo em forma de disco voador que estaria apto a receber um escudo térmico.
...
Essas seis tecnologias não estarão necessariamente no projeto final que levará o ser humano a Marte, mas todos esses obstáculos devem ser superados para que nossa estadia no planeta vermelho seja um sucesso.
A grande maioria ainda está em fase de protótipo ou existe somente como conceito de um equipamento que por enquanto nem saiu do papel — só que quase todos os envolvidos, sejam eles da NASA ou da Boeing, acreditam que a missão é possível.
O projeto é complexo, caro e envolve muitos testes antes de partirmos para a casa do vizinho. Ainda assim, o sucesso pode fazer com que a humanidade sonhe ainda mais alto e comece a preparar as malas: depois das visitas inicias, o próximo passo será a colonização.