Publicado em 4 de agosto de 2020
A morte de dois moradores em situação de rua ocasionada pelo envenenamento de marmitas que eram distribuídas pela região de Itapevi, na grande São Paulo, despertou o medo e a preocupação naqueles que dependem dessas doações para sobreviver. Além de enfrentarem as dificuldades cotidianas e as baixas temperaturas do inverno em meio à pandemia, essa parcela da população teme que a história se repita ao aceitarem refeições e bebidas que são entregues gratuitamente.
De acordo com os dados da Prefeitura de São Paulo, cerca de 25 mil pessoas vivem nas ruas da capital paulista. A solidariedade, muitas vezes, é a única capaz de amenizar a dura realidade de quem não tem onde morar e não tem o que comer. No entanto, os acontecimentos mais recentes têm mostrado que nem sempre a mão que estende ajuda é para o bem.
O Padre Júlio Lancellotti que há 34 anos coordena a Pastoral Povo da Rua, no bairro da Mooca, explica que tem orientado os moradores a recusarem as refeições oferecidas por desconhecidos. "Eles têm que ficar atentos de que se é uma pessoa que eles não sabem quem é, que vai em horário pouco comum e não tem nenhuma identificação, é arriscado", afirmou.
Diariamente o Padre distribui 500 lanches, que são entregues pela manhã. Já no período do almoço e do jantar são distribuídas 2400 marmitas, trabalho que durante a pandemia foi intensificado. "Nosso objetivo é que eles ganhem imunidade ao estarem alimentados para enfrentar esse momento", explicou o religioso.
Para o vigário do povo, como é popularmente conhecido, doar é um ato de amor: "O amor pode mudar a realidade [...], não é um sentimento vago. É um compromisso com a vida do irmão".
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