Narrado pela impactante voz de Carl Sagan, astrofísico norte-americano responsável por mais de 600 publicações científicas, o curta-metragem “Wanderers” celebra outro bem sucedido casamento entre ficção e realidade.
Criado pelo artista gráfico Erik Wernquist, o filme se inspira em locações reais de nosso Sistema Solar e mostra o que os mais ousados sonhos da Ciência projetam para o futuro da humanidade.
“Talvez seja um pouco cedo. Talvez o tempo não tenha ainda chegado. Mas os outros mundos – de promissoras oportunidades – acenam de volta para nós”, pode-se ouvir ao final da história contada por Sagan (trecho retirado de seu livro “The Pale Blue Dot”).
As cenas exibidas por “Wanderers” mesclam conceitos de diversos ramos: ideias preconizadas por livros de ficção científica, projetos já sondados pela tecnologia contemporânea e, naturalmente, animações em CG bem acabadas constituem o núcleo do ousado filme.
A cena de abertura exibe o planeta Terra no ano de 10 mil Antes de Cristo (A.C); em céu limpo, os planetas que brilham no horizonte são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Em algum lugar do futuro, uma espaçonave orbita pelo “pequeno ponto azul” – a imagem que aparece na tomada seguinte é uma foto real tirada sobre o oceano Pacífico.
As gigantescas portas que se abrem sobre Júpiter deixam a tempestade “the Great Red Spot” do planeta à mostra (a textura do astro foi moldada a partir de imagens coletadas pela NASA em 1979). Naves passeiam também sobre Saturno – uma foto real capturada novamente pelo órgão norte-americano foi utilizada pelo animador como fonte de inspiração.
O “elevador” que aparece cravado em meio à superfície de Marte é um projeto já idealizado na contemporaneidade. Cabines teriam a capacidade trafegar por um gigantesco cabo. A cratera de Victoria, também localizada no Planeta Vermelho, aparece lá pelas tantas do filme – a projeção em 3D fez uso de uma foto tirada pela Opportunity em 2006.
Uma área urbana construída sobre a lua Iapetus de Saturno descrita pela novela “2312”, de Kim Stanley Robinssons, é mostrada. Com extensão de 1.3 mil quilômetros, o astro tem picos que chegam a atingir 20 km. A visão especulada do interior de um asteroide é outro dos destaques do curta-metragem – o efeito de gravidade é simulado pela velocidade de uma rotação a cada dois minutos.
A lua Europa, de Júpiter, deixa claro o quão gigantescas são as dimensões do planeta. A foto usada como base para o plano de fundo da cena foi tirada em 2001 pela sonda espacial Cassini. E que tal bater asas pela segunda maior lua do Sistema Solar? Pois é este o convite que Wernquist faz ao espectador. A cena em questão se passa em Titan, lua de Saturno.
Flutuar no melhor estilo base-jumping é ainda outra provocação. Pular do penhasco mais alto de todos os planetas do nosso sistema; se deixar soprar a uma brisa leve. Em teoria, humanos poderiam descer calmamente pelas rochas de Miranda, lua de Urano. “Eu quis ter um pouco de liberdade aqui e mostrar uma pessoa sem um traje espacial tradicional”, se justifica o artista ao explicar a presença de uma garota que aprecia o voar de uma nave.
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A obra de Erik Wernquist pode ser conferida por meio deste link. A galeria de imagens disponibilizada pelo animador conta com descrições acerca de cada cena exibida.